PCP solidário com trabalhadores

Venda do <i>BPN</i> é crime contra o País

De­zenas de mi­li­tantes co­mu­nistas con­cen­traram-se, dia 12, junto à sede do BPN em pro­testo contra a venda do banco e em so­li­da­ri­e­dade com os seus tra­ba­lha­dores.

O novo dono do BPN quer ficar só com me­tade dos tra­ba­lha­dores

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A acção, con­vo­cada pela Di­recção da Or­ga­ni­zação Re­gi­onal de Lisboa do PCP, re­co­lheu o apoio de muitos au­to­mo­bi­listas que pas­savam pela mo­vi­men­tada Ave­nida An­tónio Au­gusto de Aguiar e viam as ban­deiras ver­me­lhas do PCP e o grande pano onde se podia ler «Venda do BPN – Ne­go­ciata que pre­ju­dica o in­te­resse na­ci­onal». Em muitos car­tazes de­nun­ciava-se que «o povo é que paga» mais este roubo aos tra­ba­lha­dores, ao povo e ao pa­tri­mónio pú­blico.

A quem por ali pas­sava – e também aos pró­prios tra­ba­lha­dores do banco – os mi­li­tantes do PCP dis­tri­buíram um co­mu­ni­cado onde re­cor­davam os prin­ci­pais passos desta ver­da­deira «ne­go­ciata», cujos úl­timos epi­só­dios se prendem com a compra do banco, por uns mí­seros 40 mi­lhões de euros, por parte do Banco BIC. Não sem antes o Es­tado o limpar de pre­juízos e «lixo tó­xico» e in­jectar mais 550 mi­lhões de euros, para além de su­portar o já anun­ciado des­pe­di­mento de me­tade dos seus cerca de 1500 tra­ba­lha­dores.

Nesse co­mu­ni­cado, dis­tri­buído também pelas ruas pró­ximas e à en­trada da grande su­per­fície co­mer­cial que se lo­ca­liza mesmo em frente ao banco, o PCP lembra ainda que a «na­ci­o­na­li­zação» dos pre­juízos do BPN cus­taram ao Es­tado mais de 2300 mi­lhões de euros «dos nossos im­postos», ao mesmo tempo que dei­xava de fora desta ope­ração o «vasto e va­lioso pa­tri­mónio do grupo eco­nó­mico SLN, dono do BPN, de­sig­na­da­mente a sua parte imo­bi­liária».

Os pre­juízos e cré­ditos in­co­brá­veis ou du­vi­dosos do BPN, que o Es­tado as­sume, cus­taram já – como o Go­verno re­co­nheceu – 1800 mi­lhões de euros, mas o seu real valor pode ser ainda muito su­pe­rior, alerta o PCP. O Banco BIC fica, assim, com o BPN «pronto a dar lu­cros».

Numa breve mas in­ci­siva in­ter­venção, Jorge Pires, da Co­missão Po­lí­tica, re­cordou que, para além do PEV, só o PCP se opôs à «na­ci­o­na­li­zação» do BPN nas con­di­ções em que foi feita. Os co­mu­nistas de­fen­diam, sim, a na­ci­o­na­li­zação de todo o grupo SLN/BPN e a sua in­te­gração no sis­tema pú­blico ban­cário, jun­ta­mente com a Caixa Geral de De­pó­sitos, fi­cando o banco vo­ca­ci­o­nado para o apoio às micro, pe­quenas e mé­dias em­presas e à eco­nomia na­ci­onal.

 

So­li­da­ri­e­dade com os tra­ba­lha­dores do BPN

 

Como afirmou Jorge Pires junto à en­trada da sede do banco, onde tra­ba­lham al­gumas cen­tenas de tra­ba­lha­dores, o PCP está contra qual­quer des­pe­di­mento no BPN, de­fen­dendo a ga­rantia da ma­nu­tenção dos 1580 postos de tra­balho ac­tu­al­mente exis­tentes. No acordo com o BIC está es­ti­pu­lado o des­pe­di­mento de cerca de 50 por cento dos ac­tuais tra­ba­lha­dores.

O di­ri­gente co­mu­nista sa­li­entou que também neste caso o PCP re­vela a sua co­e­rência, já que logo em 2008, quando o an­te­rior go­verno, do PS, anun­ciou a na­ci­o­na­li­zação do BPN nas con­di­ções em que ela acabou por acon­tecer, o PCP alertou para o risco da ocor­rência de des­pe­di­mentos, opondo-se-lhes de ime­diato.

Re­a­fir­mando que o PCP «nunca dei­xará de estar ao lado dos tra­ba­lha­dores», Jorge Pires apelou aos ban­cá­rios, no­me­a­da­mente aos do BPN, para que se juntem à luta que en­grossa no País. Re­co­nhe­cendo que não tem sido fácil mo­bi­lizar os tra­ba­lha­dores deste sector para a luta, o membro da Co­missão Po­lí­tica lem­brou que «poucos tra­ba­lha­dores terão per­dido tantos di­reitos nos úl­timos anos», es­tando hoje su­jeitos a ho­rá­rios longos, alta taxa de ex­plo­ração, re­dução de 15 por cento nos seus sa­lá­rios reais nos úl­timos 12 anos.



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